quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Cada um faz seu mundo!


Moro em um lugar onde o sol brilha apagado.
Tenho a impressão de que no mundo todo, talvez, não exista um lugar tão sombrio como este. Procuro em cada pessoa, encontrar uma luz, um sorriso, que possa iluminar.
Não encontro.
Todos estão tomados pelo vazio, não podem mais nada fazer a não ser andar, perambular sozinhos neste lugar.
Dias passam, noites se vão como um vulto, e a vida passa despercebida.
E neste ritmo passaram- se meses, anos e eu fui- me para longe, fui com a intenção de não mais voltar.
Tudo o que levei foi à lembrança de uma infância ruim, e uma adolescência esquisita.
Mas terminou, passou. Agora eu tinha uma vida nova, era um lugar novo, tudo tinha de ser perfeito.
Cheguei. Era uma cidade não muito grande, nem muito pequena. As casas eram grandes com pátios enormes, as ruas e as calçadas eram largas, havia poucas arvores, e pra te falar a verdade, no dia em que cheguei o transito era infernal, e em todos os outros também.
O barulho era insuportável, pois das janelas de minha casa entrava o som das buzinas.
Minha casa, finalmente eu tinha minha casa. Só minha casa.
Só. que palavra solitária para uma mulher de 24 anos.
Eu sentia que faltava algo em minha vida, algo ou alguém, ainda não sabia direito o que era.
Mas deixei que este pensamento se desanuviasse, e segui minha vida normalmente.
Acordar, tomar café, ir para um lugar que eu não gostava chamado trabalho. Almoçar e trabalhar, jantar e fazer um pouco dos trabalhos que trouxe para casa... Ver um filme às vezes, descansar. Era uma rotina talvez um pouco cansativa, mas eu tinha de cumpri- La. Afinal, era tudo o que eu tinha.
Depois de mais um dia como todos os outros, recebi um telefonema. Fui convocada para uma reunião no dia seguinte na empresa em que trabalhava. Confirmei minha presença, deitei e logo peguei no sono, ao contrario da maioria das pessoas que quando se deitam voam longe, viajam em pensamentos como adolescentes apaixonadas, eu não tinha nada com o que me preocupar.
Mais uma daquelas reuniões chatas.
Ao fim da mesma, quando fui me retirar, um belo rapaz alto e moreno, cheiroso e com um olhar sedutor, me parou na porta e ficou extasiado ao me olhar de perto, e quando ele sussurrou primeiras palavras, me encantei com sua voz. Ele disse que estava maravilhado com minha beleza, e precisava me conhecer melhor, queria sair comigo.
Fique chocada. O que um homem daqueles podia querer com uma mulher como eu? Triste, amarga, não muito bela e, sozinha. Por primeiro disse que não estava afim de novas amizades, mas depois pensei melhor e vi que nem amizades eu tinha, então aceitei o convite.
É chegada a tão esperada hora do encontro. Não quis admitir para mim mesma, mas estava ansiosa. Coloquei uma roupa elegante, e em meu rosto depositei pouca maquiagem, para não parecer que eu estava entusiasmada ou com algum interesse no tal encontro.
Ele puxou a cadeira para me sentar, e logo após pediu dois pratos especiais da casa e vinho.
A conversa estava boa, e não vi o tempo passar, ele falou sobre sua vida, me contou coisas que me fizeram sorrir, e me senti feliz, como jamais havia me sentido. Mas no relógio marcavam onze e vinte da noite e eu precisava ir para casa. Aceitei a carona que gentilmente ele me ofereceu e, ao parar na porta de minha casa, senti o calor de sua mão passando para minha e quando vi seus lábios já tocavam suavemente os meus.
Quando deitei – me para dormir me peguei pensando na vida, ou melhor, pensando apenas naquele momento, ai então pude entender o porquê as pessoas, os adolescentes, deixam- se envolver por pensamentos antes de dormir, é uma forma de reviver algum momento, de amar mais uma vez. Lembrar é a mais linda forma de saber que coisas boas aconteceram.
Então deixei- me levar por este romance, repleto de amor, de desejo, nos amamos ardentemente por muito tempo e a cada dia que se passava ele me conquistava ainda mais com seu jeito gentil e carismático de olhar e tratar as pessoas, e as coisas que nos rodeavam.
Hoje, eu sei que ele foi à coisa mais linda que aconteceu em minha vida. Pois até então eu não tinha fé em nada, nem mesmo no amor, minha vida era vazia, mas quando senti meu coração tomado pela sensação de amar, não tive escolha, o sentimento falou mais alto do que a razão e eu aprendi que a felicidade e a beleza não estão nas coisas, e sim na forma com que olhamos para elas.
Quando lembrei meu passado, notei que minha antiga cidade na verdade não era nada do que eu pensava, ela era linda e clara, quem fechava os olhos para o sol era eu, era eu quem dormia enquanto ele brilhava, e era eu também, que virava o rosto para as pessoas. Nunca havia me deixado envolver por ninguém, nunca tive amigos, nem companheiros, minha família?Para mim nada mais era do que uma forma de sobrevivência.
Voltar atrás era impossível, mas ainda havia tempo de me redimir e viver tudo o que eu ainda não tinha vivido. Claro, minha infância e minha adolescência jamais mudariam, mas eu tinha a certeza, que dali pra frente tudo seria diferente.


Alana B.
07 de agosto de 2010.

Um comentário:

  1. Alaana!
    Parabéns menina. Li quase todos teus textos e este achei interessante também a forma que desenvolveu. Bem coloquial.
    Você escreve muito bem e isso faz com que envolva mesmo o raciocínio com a curiosidade.

    Gostei mesmo. Parabéns

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